Elisabeth Kubler-Ross ... uma vida sobre a MORTE
“As pessoas são como vitrais. Elas brilham e cintilam quando
o sol está lá fora, mas quando a escuridão se instala, a sua verdadeira beleza
é revelada apenas se houver luz no interior”
Elisabeth Kubler-Ross (Tradução livre – Sónia Alexandra Sousa)
Encontrei-me com a Dr.ª Elisabeth Kubler-Ross depois de
ouvir a explicação, apresentada por Gregg Braden numa das suas palestras, que
ela dá sobre como o ser humano reage ao pesar (sentimento de dor, abatimento).
Ela refere, no seu livro On Death and Dying (1969) (Sobre a morte e o
morrer), que num processo de luto a pessoa passa por várias etapas / fases: negação,
raiva, negociação, depressão e aceitação. De facto,
como Gregg Braden refere, passamos por estas etapas todas quando temos o
sentimento de perda de algo ou de alguém. Consegui facilmente perceber este
processo olhando para trás e lembrando-me de como reagi a determinadas situações
de perda, no meu passado. Mas, também identifiquei rapidamente este processo nos
tempos que estou a viver agora – cerco sanitário.
Tinham passado 3 semanas, quando conheci Elisabeth, desde o início
do cerco sanitário a Ovar, e em cada uma dessas semanas tinha vivenciado esses estados de NEGAÇÃO,
RAIVA, NEGOCIAÇÃO … percebi o meu sentimento de DEPRESSÃO na quarta semana …. que não durou só uma semana! A vontade de não
fazer nada era muito grande, a reação nula, a apatia imensa … o desespero … a
angústia … faziam parte dos meus dias.
Achei, a descrição deste processo, feito pela Dr.ª Elisabeth
Kubler-Ross, fascinante! Encaixa perfeitamente em mim …
Fiquei muito curiosa em saber quem era esta senhora … fui
para a internet … e passei horas a ver documentários, palestras, entrevistas,
sites … de facto a Dr.ª Elisabeth Kubler-Ross é uma pessoa iluminada. Ela era médica
psiquiatra, nasceu na Suiça e desenvolveu o seu trabalho nos Estados Unidos da
América, faleceu em 2004 com 78 anos. A Dr.ª Elisabeth Kubler-Ross, passou uma
parte da sua vida a tratar/ cuidar pessoas em estado terminal. Na década de
1970, reivindicou o direito de crianças e adolescentes de receberem cuidados
paliativos de qualidade, tendo trabalhado por anos exclusivamente com crianças
gravemente enfermas e suas famílias. Ainda durante a década de 1970, iniciou
uma série de palestras intitulados Life, Death and Transtion (vida,
morte e transição), para ajudar pacientes, famílias e pessoas enlutadas a
encontrar sentido, dignidade e paz em suas vidas. Estas palestras foram dadas
nos Estados Unidos e em diversos países do mundo. Na década de 1980, a Dr.ª Elisabeth
Kübler-Ross dedicou-se a cuidar de pacientes com HIV/SIDA, lutando para
melhorar a qualidade de vida deles, numa época em que se desconhecia quais os
meios de controlar a doença. Na década de 1990, abriu um hospício, na sua própria
quinta onde vivia, para crianças com HIV/SIDA, mas um incêndio terminou com o
seu projeto. Era a segunda vez que Elisabeth perdia TUDO num incêndio. Numa das
entrevistas que vi, ela refere que esses incêndios foram uma bênção … tinha necessidade
de mudar de casa e nunca iria ter tempo para empacotar tudo, ela diz que era
uma colecionadora nata (guardava tudo). No final de sua carreira, Elisabeth
dedicou a sua pesquisa à verificação da suposta "vida após a morte",
fazendo, com sua equipe, milhares de entrevistas com pessoas que relataram
experiências de uma suposta morte (pessoas que morreram por alguns instantes e
voltaram), também chamadas de experiências de quase morte (EQM). Esse novo
interesse da especialista na época foi recebido com ceticismo pela maioria dos
cientistas e médicos. Aliás como todo o seu trabalho, no seu meio profissional,
era considerada “esquisita” e fortemente criticada pelo seu interesse sobre a
morte. Numa entrevista, quando a Ophra lhe pergunta o que acha dessas críticas,
ela refere muito pragmaticamente “Isso é um problema deles!”.
Fiquei encantada com a vida e obra da Dr.ª Elisabeth
Kubler-Ross … sabem, no século passado, sem internet e redes sociais, ela
respondia a todos os milhares de pacientes e familiares que lhe enviavam
cartas, algumas vezes respondia-lhes enviando as suas respostas por cassete! Ela
diz que muitos dos seus dias eram passados assim: apanhava o primeiro avião da
manhã para uma cidade (sobretudo nos EUA, mas para todo o Mundo), chegava a
essa cidade e dava uma palestra para centenas de pessoas, visitava alguns
pacientes e suas famílias (há registos filmados de algumas destas visitas), e
voltava no último avião da noite … para no outro dia fazer o mesmo. As suas
refeições eram apenas as que comia durante os voos, para dedicar todo o seu
tempo aos pacientes e famílias. Nos vídeos que vi, ela falava sem rodeios,
sobre a morte, com pessoas em estado terminal. Punha as crianças com cancro, e
irmãos, a fazer desenhos e interpretava-os, através do que desenhavam … das
cores que utilizavam … e ajudava a família a lidar com os irmãos saudáveis, que
muitas vezes são colocados de parte. Um trabalho espetacular!
O que mais me inquieta é o facto de só saber da sua
existência agora … onde é que eu andei que não me apercebi da existência deste SER
extraordinário?
Espero que se sintam também curiosos sobre a pegada da Dr.ª
Elisabeth Kubler-Ross e possam ouvir também a sua pronuncia um pouco estranha …
podem encontra-la aqui na Fundação com o seu nome https://www.ekrfoundation.org/
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